
Com o novo Renault Clio, a situação é inesperadamente diferente. Um designer talentoso simplesmente mostrou como seria um Clio moderno se a marca não tivesse vergonha da própria história. E, tem que admitir, o resultado ficou danado de atraente.
O novo Clio — sem fanatismo elétrico
O Renault Clio da nova geração chegou sem experimentos radicais. Não há abandono total dos motores a combustão aqui — a aposta é em propulsores a gasolina com suporte híbrido leve. E isso, pra ser sincero, parece bem sensato. O carro continua sendo um hatch compacto com pouco mais de 4 metros de comprimento, com entre-eixos normal e proporções adequadas.
A versão de entrada tem um preço orientativo aproximado para o Brasil de R$ 110.000–R$ 130.000. Por esse valor, o comprador leva cerca de 115 cv, o que é mais do que suficiente para a categoria. Além disso, na relação tamanho-potência, o Clio se sai melhor que alguns concorrentes, que por preço parecido oferecem ou carroceria menor ou caráter menos vivo.
Por que os hatches "malvados" pequenos estão sumindo
Há uns dez anos, um hot hatch compacto era o sonho de todo entusiasta. Hoje, o segmento está quase extinto. Não é porque ninguém quer, mas porque os preços foram pro espaço. O custo das versões tunadas passa fácil dos R$ 220.000–R$ 260.000, e às vezes mais. Pra muita gente, isso já é território de carros maiores e mais versáteis.
Somando os sistemas híbridos obrigatórios, peso extra e a perda do câmbio manual — fica claro por que o interesse esfria.

A lenda chamada Williams
Nos anos 90, o Clio tinha uma versão da qual ainda se fala com respeito — o Clio Williams. Carroceria leve, motor 2.0 aspirado, câmbio manual honesto e zero muleta eletrônica. Foram feitas só cerca de 3.800 unidades, e cada uma virou quase item de coleção com o tempo.
Aí o designer David Bayliss fez uma pergunta simples: e se fizéssemos um Clio assim hoje — de verdade, não só "inspirado em"?
Como seria o Clio Williams ideal hoje
- carroceria alargada e kit aerodinâmico agressivo, mas elegante
- rodas douradas como aceno direto aos anos 90
- motor 2.0 turbo sem híbridos
- cerca de 300 cv e só câmbio manual
- peso na casa dos 1.400 kg
Soa como sonho? Exato. Um carro desses seria hit na hora entre os entusiastas cansados dos modelos modernos pesados e "estéreis".

Por que isso, provavelmente, não vai rolar
A resposta é banal e por isso mais triste: ecologia, normas, economia e medo de arriscar. Fazer carros assim hoje não compensa pras montadoras grandes. E isso deixa a história toda meio absurda — tem demanda, precisa de emoção, mas o mercado solta cada vez mais máquinas iguais.
Ainda assim, mesmo como fantasia de designer, esse Clio lembra: às vezes, pra fazer um carro realmente desejado, basta não esquecer o que fazia as pessoas te amarem antes.